Imagine que seu celular é um livro e repense como você o usa

 Original: rosieleizrowice.com/blog/fone-addiction

Nossa sociedade ainda não chegou a um consenso em relação às regras de etiqueta para o uso de celulares. Nossos telefones se tornaram presença constante em todos os momentos de nossas vidas, mas ainda não temos normas claras em relação a quando seria inadequado usá-los.

Na maioria das situações, 3 ou 4 conselhos simples geram mais ou menos 80% dos benefícios possíveis. Quanto a não ser um abominável viciado em celular, tento seguir a seguinte regra:

Nunca fique olhando seu celular numa situação em que não seria apropriado ler um livro.

É sério.

Por exemplo, você não começaria a ler um livro no meio de uma conversa com alguém. Ou enquanto assiste a um filme. Ou em um show. Ou enquanto dirige. Ou em uma reunião. Mas se trocar o livro por um celular, aí tudo bem.

Por outro lado, seria perfeitamente aceitável, por exemplo, ler no metrô ou no ônibus. Ou na hora do almoço. Ou na sala de espera do dentista. Ou em qualquer situação em que não se espera que você interaja com outras pessoas ou com as coisas que o cercam.

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Em suma, você não começaria a ler um livro:

  1. em uma situação que exige todo o seu foco

  1. quando alguém está interagindo com você

  1. quando algo interessante ou especial está acontecendo.

As pessoas ficam seriamente irritadas, ofendidas e até preocupadas se você ler enquanto elas estão falando com você, numa festa, enquanto visita um lugar bonito, ou enquanto você caminha por uma calçada lotada ou plataforma de metrô. Eu testei isso várias vezes.

Por que olhar para um celular seria diferente? Na verdade, é mais fácil ser sugado para o Twitter ou Snapchat, perdendo toda consciência do que está acontecendo ao redor, do que ficar absorto na leitura de um livro.

Ao ler, você fica muito mais presente do que quando está alternando entre aplicativos. E você lê um livro porque quer ler esse livro, enquanto a maioria das pessoas mexe no celular porque não está sendo suficientemente estimulada pelo ambiente.

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Há uma enorme diferença entre tratar seu celular como uma ferramenta e tratá-lo como uma fonte de entretenimento. Sim, claro que existem milhões de justificativas e boas razões para ter um celular – verificar o tempo, responder a uma chamada importante, tirar uma foto, chamar um táxi, procurar um lugar para comer etc.

Em muitas dessas situações, o celular é um substituto para um objeto físico. Em outras, é um substituto para o engajamento.

Tom Chatfield escreve em Como Viver na Era Digital:

Ligados em nossos fones de ouvido, digitando, falando ou até mesmo filmando o que acontece ao nosso redor, interpretamos um conhecido papel no drama da vida digital: o do cidadão autossuficiente, protegido das entediantes restrições da realidade pelos sons, imagens e amigos ao alcance de nossas mãos.

Esse é o ponto: quando você encara seu celular como algo para servir a uma função, você ainda faz parte do mundo ao seu redor. Quando você o usa sem uma intenção clara, você está, essencialmente, rejeitando a realidade à sua volta.

Ou como David Cain disse:

Toda vez que fico brincando com meu telefone estou encurtando minha vida. Um smartphone é útil se você tiver uma coisa específica que deseja fazer, mas noventa por cento do tempo quero evitar fazer algo mais difícil do que navegar no Reddit. Durante esses minutos ou horas, a única coisa que faço é morrer.

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